Todo mundo sabe que obra é um assunto sério, em razão dos riscos e responsabilidades envolvidos durante todo o processo. Exatamente por isso, o transporte e armazenamento de materiais de construção, equipamentos e móveis estão entre os principais cuidados de toda a equipe. Afinal, há uma série de elementos pesados, extensos ou frágeis envolvidos. No artigo de hoje, vou exemplificar algumas situações frequentes na rotina de uma construção ou reforma, além de indicar as precauções necessárias para essa tarefa.
Antes de decidir a maneira de transportar um material de grandes proporções, é primordial analisar diversos aspectos para então escolher a melhor opção. Entre os caminhos possíveis estão o içamento (que consiste em uma elevação vertical geralmente feita por meio de cabos de aço ou cordas) ou, se possível, a desmontagem e divisão do produto em várias partes, para que seja carregado através das escadas ou elevadores. Dessa forma, entre os fatores que precisam ser avaliados estão:
Medição dos tamanhos dos vãos de passagem: é necessário aferir os espaços como vãos de portas, portões, janelas e elevadores para avaliar a viabilidade e segurança do transporte do material (seja inteiro ou em partes) por meio de funcionários experientes e com o equipamento adequado. No caso do elevador, ainda é necessário levar em consideração o limite de peso de carga da unidade. É importante reforçar que prédios mais antigos representam um grau superior de dificuldade para a realização desse trabalho, haja vista as escadas de serviços e elevadores mais estreitos.
Risco de quebrar ou danificar os objetos: às vezes, um tampo de pedra ou um espelho até possui as medidas e peso adequados para subir na escada do prédio, mas será que vale a pena? Afinal, em alguma curva da escada pode existir o risco de batidas e perda total do material. Portanto, elementos frágeis deverão ser definidos individualmente.
Excesso de peso: voltando ao exemplo do tampo de pedra, caso ele seja muito grande, o seu transporte dependerá de várias pessoas para conseguir alçar pela escada. Dessa forma, é apropriado utilizar equipamentos de proteção – tanto para os colaboradores, como para a peça que será levada. Tendo em vista essa análise, o responsável pela obra pode deliberar sobre o esforço de carregar ou a opção em içar.
Como citado acima, o içamento consiste na elevação vertical de materiais ou objetos, que geralmente é feita por cabos de aço ou cordas. O equipamento que puxa os cabos, onde o produto será içado, é montado no próprio apartamento. Enquanto isso, no térreo do prédio estão posicionados os profissionais capacitados para acompanhar e guiar o transporte com outro cabo, evitando que o produto não resvale em janelas de vizinhos ou na fachada da edificação.
Entre os principais tipos de materiais içados estão móveis e objetos grandes e pesados, como sofás e mesas de jantar, além de tampos de pedras de cozinhas, ilhas e varandas gourmet. Outros exemplos são os enormes painéis de madeira, em razão de uma preocupação estética (para evitar o risco de danificá-los no transporte pela escada).
Já para quem prefere evitar o içamento, em razão do custo mais alto, há algumas alternativas para facilitar o trabalho de transporte. Para quem ainda se encontra na etapa de escolher os móveis de casa, eu indico a aquisição de sofás modulares ou peças desmontáveis, que são mais simples de carregar pelo elevador ou escada. Com relação às bancadas de pedras, em algumas condições também é possível dividir o tampo da cozinha, eliminando a demanda do manuseio pelo lado externo. Porém, essa decisão dependerá muito de uma questão técnica de projeto, pois a peça única, sem emenda, por vezes propicia uma estética muito mais bonita.
Tenho um caso interessante, que aconteceu em um de nossos projetos. Os moradores tinham o grande desejo de instalar um ofurô no apartamento, porém verificamos alguns impasses para o seu transporte. Para que o cliente não tivesse custos adicionais, nem nenhum tipo de quebra de expectativas, combinamos com o fornecedor de subi-lo desmontado. Assim, a montagem foi realizada in loco, facilitando o processo.
Atualmente já podemos contar com os porcelanatos de grandes formados, com mais de 2 metros de altura nas obras. Por enquanto ainda são novidade no mercado, mas daqui para frente serão cada vez mais utilizados. Exatamente por isso, haverá a necessidade do içamento dessas peças específicas, além de maiores cuidados com elas. Então, caso você opte por esses materiais em seu projeto, já fica aqui a recomendação.
É importante ressaltar que não é de responsabilidade do escritório de arquitetura a realização do içamento, pois há empresas específicas no mercado que realizam esse trabalho. Porém, para facilitar o processo, pelo menos em meu escritório de arquitetura, nós realizamos os orçamentos e os repassamos para os clientes - já que temos uma relação de confiança e parceria com os ambos os lados.
Assim, após a escolha da empresa executora, fica sob a responsabilidade dela a emissão de uma ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) que compreende o serviço e o equipamento empregado durante o processo. Afinal, trata-se uma atividade que envolve muitos riscos – entre eles, a vida dos trabalhadores e de pessoas que frequentam o condomínio, bem como a integridade do material.
Com relação aos condomínios, outro detalhe fundamental é aprovar previamente o içamento com a administração e o síndico. Geralmente, nessas situações, o prédio analisa toda a documentação da empresa contratada, além de elaborar um comunicado ou mesmo isolar a área para não correr nenhum risco de acidentes.
Atenção: em casos em que o condomínio não tenha isolado a área, o ideal é que a própria empresa responsável pela obra faça esse papel, ao analisar todos os potenciais perigos, além de indicar qual o melhor ponto para realizar o içamento.
Em residências, o processo de içamento costumar ser muito mais tranquilo, já que a altura não é tão elevada e o contexto não envolve riscos aos condôminos. É comum a própria equipe de obras realizar o içamento com cordas, porém é preciso, antes de tudo, analisar se esses profissionais são treinados e sabem o que estão executando, para que não ocorra nenhum acidente de trabalho.
Para quem vai contratar uma empresa para transporte e içamento de materiais, é de extrema importância buscar uma firma qualificada e com credibilidade no mercado Infelizmente, eu já vi acidentes feios, de objetos despencarem do alto, em razão do serviço não ser executado por especialistas. Um acontecimento como esse, além de perder o produto, também pode gerar acidentes gravíssimos. Por isso, é tão importante exigir um documento de responsabilidade técnica, além do seguro pelo transporte, caso haja algum imprevisto.
Criado há 14 anos, o escritório é comandado por Bruno Moraes, arquiteto formado pela Faculdade Belas Artes de São Paulo (FEBASP) e pós-graduado em Gerenciamento de Empreendimentos na Construção Civil pela FAU Mackenzie. Bruno passou por grandes escritórios, como o do arquiteto Siegbert Zanettini, onde participou do projeto de ampliação do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), da Petrobras, considerado o maior projeto sustentável da América Latina.
O escritório atua nas áreas de gerenciamento e execução de obras, além de se dedicar à concepção de projetos de casas, reforma de apartamentos, retrofits, espaços corporativos e áreas comuns de edifícios. Dispõe de equipe própria de obra, cuidadosamente treinada para gerir os trabalhos com processos próprios desenvolvidos pelo escritório que usa, entre outros diferenciais, um aplicativo personalizado. A marca BMAStudio tem trabalhos publicados nas mais importantes publicações de decoração e arquitetura do Brasil. Desde 2019 participa do quadro de decoração do Programa da Eliana, no SBT, e em 2022 assina novamente a reforma de novos ambientes.