Em meus artigos, sempre estou falando sobre diversos aspectos importantes de construções e reformas. No entanto, há um tema que ainda não abordei e considero muito importante: o projeto de iluminação. Pode parecer bobagem, mas muita gente, na correria da obra, acaba deixando para pensar nisso só no final, o que pode gerar prejuízos para o andamento do projeto. Para dar uma força, vou trazer algumas dicas para transformar totalmente a ambientação por meio das luzes corretas.
Você sabia que a iluminação influencia muito na percepção do ambiente, em nosso comportamento e até na autoestima? Infelizmente, muita gente não tem dado a importância devida à escolha das luzes apropriadas em seus lares, o que pode gerar diversos problemas a curto ou a longo prazo. E a iluminação não tem esse poder só na nossa casa. Seja em um comércio ou restaurante, o tipo de luz vai interferir no comportamento dos clientes também. Portanto, não adianta fazer um projeto incrível, ter um enorme trabalho para especificar móveis e revestimentos de primeira qualidade e, no fim, pecar na escolha dos itens de iluminação.
Lembram do artigo em que eu citei dicas para ter uma casa saudável? Então, a luz é um dos principais pontos a ser trabalhado. Afinal, a luminosidade contribui em todas as atividades ... para acordar, dormir, trabalhar, estudar, etc. Dessa forma, cada ambiente da casa precisa oferecer as luzes de acordo com o momento e ação relacionada. Se você tem tido insônia, dificuldades de concentração ou problemas no seu relacionamento com os familiares, a culpa pode estar na iluminação. Vamos estudar isso melhor?
Basicamente, a temperatura de cor é medida em K (Kelvin) e consiste na coloração que sai da lâmpada e se espalha para o ambiente. As temperaturas mais utilizadas variam, em média, entre 2000K e 6500K, com grande diferença entre elas. Por exemplo, uma luz entre 2700K e 3000K é considerada “branco quente” e apresenta uma cor mais amarelada, que lembra o amanhecer e entardecer do dia, algo mais relaxante. Já a temperatura de cor “branco neutro” (4000k), já é uma luz mais branca, parecida com a luz do meio do dia, também encontrada com muita frequência no mercado. Porém, a sua função já está mais ligada à concentração e o foco. Também há a temperatura de cor “branco frio” (de 5000K a 6500K), mais puxada para o branco azulado, sendo que a lâmpada com 5000K ainda é encontrada com facilidade também.
Seja você o arquiteto ou o cliente, é muito importante saber especificar ou escolher lâmpadas nas cores apropriadas para seu projeto, independentemente de ser uma residência ou empresa. Como citei acima, a temperatura mais amarelada (2000K a 3000K) irá valorizar as cores mais quentes. Então, caso você tenha um restaurante de carnes, por exemplo, essa coloração vai ajudar a valorizar o seu produto e deixá-lo mais vistoso. Do contrário, uma luz mais fria vai dar a impressão que o alimento está pálido, além de toda a questão da ambientação, em que seu cliente ficará menos confortável.
Desde o início dos tempos, o homem acompanha o ciclo circadiano, responsável pelas percepções e regulações do nosso corpo, com relação ao dia e a noite. Por meio de uma região do cérebro chamada hipotálamo, nós recebemos os sinais de luz ou escuridão, então, a partir daí nos preparamos para momentos de maior atenção ou relaxamento. Portanto, se você colocar uma luz muito forte no seu quarto (no caso uma luz neutra ou fria – a partir de 4000K), isso poderá interferir na qualidade do seu sono. Da mesma forma, se você colocar uma iluminação quente (2000K a 3000K) no ambiente de atividade física, isso pode atrapalhar o seu rendimento.
Uma dúvida muito comum de meus clientes é qual a temperatura de cor incluir na cozinha, lavanderia e lavabo, afinal são áreas que você precisa de mais atenção. Nesse sentido há muita discussão sobre o tema, mas o que eu aconselho é que no projeto residencial você inclua uma temperatura de cor branco quente mesmo (2700K a 3000K). Porém, nesses cômodos específicos, eu sugiro utilizar lâmpadas de intensidade maior, ou seja, com mais lúmens (lm), que representam a quantidade de luz emitida por uma fonte luminosa. Na dúvida, busque a ajuda de um profissional especializado.
Já no comercial / corporativo, a situação muda um pouco. Eu costumo especificar o “branco neutro” (3000K), mas têm alguns clientes que gostam do “branco frio” (4000K). Nesse caso, eu não vejo problema, pois continua dentro da luminosidade esperada para um ambiente de trabalho. Porém, no caso do branco ainda mais frio (5000K), eu não indicaria. Esse tipo de iluminação eu só recomendo para uma fábrica ou indústria, em os colaboradores estão lidando com maquinários pesados.
O led é a tendência atual do mercado e veio pra ficar. É provável, que no futuro, só exista a tecnologia led (do contrário, só se aparecer outra opção mais eficiente mesmo). Antigamente, tínhamos as lâmpadas incandescentes, que nem estão mais disponíveis. Hoje, ainda temos por exemplo as halógenas e as fluorescentes, mas que estão perdendo espaço. Portanto, essa é a minha aposta na área da iluminação, principalmente em tempos que precisamos economizar energia. Porém, é preciso ter um cuidado com as lâmpadas led para não se confundir. Tem muita gente que acha que uma lâmpada de 12W, por exemplo, irá iluminar mais que uma de 9W, pois isso costumava ocorrer com outros modelos. Mas com a led não é bem assim. Nesse caso o que vai realmente contar é a quantidade de Lúmens (lm). Portanto, olhe sempre as informações do produto, na embalagem sempre mostra quantos Lúmens tem!
Outro assunto que muitos clientes têm dúvidas é sobre o ângulo de abertura da lâmpada. Quando falamos disso, é importante saber que cada lâmpada tem seu ângulo próprio, mas que também, a luminária utilizada vai interferir nessa abertura. Quando você quer destacar um objeto decorativo, busca um efeito mais cênico, ou quer criar o foco em cima de uma mesa do restaurante, por exemplo, então é preciso ter um ângulo mais fechado e centralizado, ou seja, menor. Entretanto, se você quer iluminar uma cozinha inteira, daí você precisa de um ângulo de abertura maior, para abrir o facho de luz e gerar uma iluminação mais difusa no ambiente. Há, ainda, os casos em que você vai precisar ter os dois tipos trabalhando em conjunto. No caso de um corredor amplo, você pode incluir uma luz geral mais aberta, enquanto há artigos menores que irão destacar os detalhes, como os quadros na parede, ou fazer um efeito de luz e sombra.
A dimerização basicamente se trata do controle de lúmens da lâmpada, ou seja, da intensidade de iluminação empregada naquele ambiente. Se você tem uma lâmpada e um interruptor dimerizáveis, é possível fazer essa mudança a qualquer momento. Caso você esteja vendo um filme, pode então incluir uma luz mais aconchegante, ou caso vá receber a família, pode aumentar a intensidade e deixar a sala de estar mais clara. Mas, fique atento: não são todos os interruptores dimerizáveis que funcionam para as lâmpadas led, em alguns casos, precisam ser modelos específicos, por isso sempre consulte o fabricante, ok?
Hoje em dia está muito mais fácil incluir a automação nos projetos residenciais e, em contrapartida, também na iluminação do lar. Atualmente, você compra lâmpadas wifi e com interruptores, em que é possível controlar, ligar e desligar via aplicativo ou comando de voz, por meio do Google ou da Alexa.
Você sabe o que é o Índice de Reprodução de Cor (IRC)? A partir dele é possível saber se a sua lâmpada reproduz fielmente as cores dos objetos ou se há diferenças na coloração. Por exemplo, se o IRC foi baixo, a sua camisa azul marinho pode parecer preta na luz, portanto ficará com uma cor distorcida. Sendo assim, lojas de roupas, restaurantes e cabeleireiros precisam ter iluminações com IRC altos. O valor máximo desse índice é 100, porém, para que uma lâmpada seja boa, o ideal é que ela apresente um número igual ou acima de 90. Afinal, já imaginou a maquiagem ou a tintura de cabelo da sua cliente ficar com um tom diferente do esperado? Ou voltando ao exemplo do restaurante de carnes, o alimento ficar menos atrativo do que é de verdade?
No caso das residências, ambientes como banheiros e cozinhas, que necessitam mais desse artifício, a indicação é por IRCs na média de 90. Porém, como se tratam de lâmpadas mais caras, para outros ambientes, como salas e quartos, é possível ver opções mais acessíveis e com índices um pouco mais baixos como 85.
Criado há 14 anos, o escritório é comandado por Bruno Moraes, arquiteto formado pela Faculdade Belas Artes de São Paulo (FEBASP) e pós-graduado em Gerenciamento de Empreendimentos na Construção Civil pela FAU Mackenzie. Bruno passou por grandes escritórios, como o do arquiteto Siegbert Zanettini, onde participou do projeto de ampliação do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), da Petrobras, considerado o maior projeto sustentável da América Latina.
O escritório atua nas áreas de gerenciamento e execução de obras, além de se dedicar à concepção de projetos de casas, reforma de apartamentos, retrofits, espaços corporativos e áreas comuns de edifícios. Dispõe de equipe própria de obra, cuidadosamente treinada para gerir os trabalhos com processos próprios desenvolvidos pelo escritório que usa, entre outros diferenciais, um aplicativo personalizado. A marca BMAStudio tem trabalhos publicados nas mais importantes publicações de decoração e arquitetura do Brasil. Desde 2019 participa do quadro de decoração do Programa da Eliana, no SBT, e em 2022 assina novamente a reforma de novos ambientes.